QUINTA-FEIRA, 10 DE NOVEMBRO DE 2008

A polêmica da meia-entrada

Recentemente foi aprovado pelos nossos "nobres" senadores um projeto de lei que estabelece uma cota de 40% para a meia-entrada, ou seja, de 100 ingressos, apenas 40 serão vendidos pela metade do valor para estudantes e pessoas com mais de 60 anos. Isso vale para shows, cinemas, museus, circos, teatros e mais uma porrada de eventos/lugares.

É claro que artistas, empresários, donos de casas de show e coisas do tipo, devem estar pulando de alegria, uma vez que seu lucro vai aumentar. Até então, não havia limite de venda de meia-entrada, ou seja, desde que você comprovasse que era estuante e/ou maior de 60 anos (alguém com mais de 60 anos visita este blog?!?), poderia comprar sua entrada pela metade do preço sem problemas. Agora, se você marcar bobeira, fica de fora dos 40% e se fode, paga o valor integral.

Não vou dizer que sou totalmente contra isso, porque várias instituições "não credenciadas" estavam emitindo carteiras de estudante à rodo, e isso já é putaria. Você já deve ter visto por aí: "Encha o tanque do seu carro e leve uma carteira de estudante", ou "Nas compras acima de R$50, ganhe uma carteira de estudante". (ok, exagerei, mas a idéia é essa). =D

Mas, é óbvio que temos centenas de milhares de estudantes honestos, que estudam em instituições sérias, muitas vezes pagam mesalidades bem altas, e, de vez em quando, gostam de pegar um cineminha ou curtir uma boa peça de teatro com os amigos.

Isso sem falar dos idosos, que querem aproveitar a "melhor idade", e tem de administrar uma aposentadoria geralmente curta.
Como é que fica esse povo? Simples! Ou se agiliza para estar entre os 40%, ou "perdeu, preibóy". =P

Considerando que a inteira do cinema (em final de semana) passa das 15 pratas, e shows e peças de teatro variam de R$20 à mais de 200 mangos (dependendo, claro, do lugar e do artista), este novo projeto de lei vai doer no bolso de muita gente, inclusive no deste indivíduo que vos escreve.

Minha indignação é por dois motivos:

1º, o país não tem quase nenhum problema, né?!? Não há fome, desemprego, nada... Não deve haver nenhuma lei mais útil para ser aprovada... Dane-se o tráfico de drogas, a miséria, os crimes de "colarinho branco", e tudo o mais...

2º, em um país cujo nível cultural da maioria é relativamente baixo (também por conta do preço da "cultura"), não é meio contraditório fazer algo para dificultar (ainda mais) o acesso do povo à tal "cultura"?!?

Há milhares de anos atrás, Roma seguia a política do "pão e circo". Por aqui, em pleno século XXI, não temos nem "pão" nem "circo"!!

Me avisem quando começarem a atirar a plebe aos leões...

Rodrigo Pscheidt